1.7.05

Guerra dos Mundos

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Ontem assisti Guerra dos Mundos com a minha noiva e estou pensando no filme até agora. O filme é muito assustador e cria um suspense que te deixa angustiado, principalmente com a música, o tempo todo. Minha noiva chegou a pedir para ir embora no meio do filme, porque estava com muito medo. É, Spielberg se superou, pena que não gostei muito do final, esperava mais. Dizem que é igual ao livro, mas como não li, não tenho certeza.

Nota: 9,5. (só não é 10 por causa do final)

Segue abaixo duas críticas muito boas.
CUIDADO, contém SPOILERS.

Tom Cruise enfrenta alienígenas sedentos de sangue em 'Guerra dos mundos'
Jamari França - Globo Online


A visão otimista de visitantes de outros planetas retratada por Steven Spielberg em "E.T." (1982) e "Contatos imediatos do Terceiro grau" (1977) é coisa do passado. "Guerra dos mundos", que tem estréia mundial esta quarta-feira, pega pesado na adaptação da obra de H.G. Wells, publicada em 1898, uma história de violência e suspense de mexer com os nervos do espectador, que sente nas veias o desespero do personagem de Tom Cruise, Ray Ferrier, reduzido a um animal acuado por forças muito superiores, agindo por instinto em defesa própria e dos filhos, o adolescente Robbie (Justin Chatwin) e a pequena Rachel (Dakota Fanning).

Os invasores promovem uma carnificina e usam o sangue humano como matéria prima. Máquinas de extermínio chamadas Trípodes vaporizam os que não capturam para drenar o sangue em grandes máquinas sanitizadoras. Milhares destas engenhocas estavam enterradas no planeta desde tempos imemoriais até que, num dia qualquer de um subúrbio idem de Nova Jersey, gigantescos raios transportadores furam o chão levando tripulantes alienígenas, bem parecidos com os de "Independence day", para começar a invasão.

Spielberg só não explica porque uma civilização avançada ia se dar ao trabalho de invadir um planeta miserável que está sendo destruído a toque de caixa por uma espécie predadora (nós). Tudo bem que são vampiros e o sangue humano uma mercadoria sedutora, mas, num universo infinito, não haveria presas mais suculentas?

Em entrevistas, Spielberg tem ligado o pavor no filme com os atentados de 11 de setembro de 2001. Quando os ataques começam, muitos perguntam no longa se são os terroristas. Sob este ângulo, "Guerra dos mundos" é um presentão para o presidente George Bush, que não faz outra coisa senão aterrorizar os americanos desde o 11 de setembro com a ameaça terrorista, usada como desculpa para invadir o Iraque e levar o orçamento militar de volta aos níveis da guerra fria.

Numa entrevista no Japão, Spielberg afirmou que o filme "tem um lugar na sociedade na sombra do 11 de setembro". Ele lembrou que a versão radiofônica do lendário ator Orson Welles em 1938, que criou pânico público, aconteceu quando o mundo temia a ameaça nazista e a primeiro versão cinematográfica de "Guerra dos mundos" de 1953, quando a guerra fria estava em vigor. Nos anos 50 havia treinamento contra um ataque atômico da União Soviética nas escolas e houve a famosa caça às bruxas do Machartismo. Bush está aplicando uma cartilha antiga, agora com uma mãozinha de Steven Spielberg.

Tom Cruise ressaltou em entrevistas que este é o ''maior filme pequeno'' feito por ele e por Spielberg. "É um épico e também uma história muito particular sobre uma família. Um filme que dedicamos aos nossos filhos. Acho que representa o que os pais sentem e até onde iriam por seus filhos", disse ele, numa referência ao enfoque não ser militar, mas do ponto de vista de civis em desespero.

O Ray Ferrier de Tom é um cara divorciado que trabalha nas docas descarregando contêineres, totalmente alienado dos filhos. Quando os recebe para o final de semana das mãos da ex, Mary Ann (Miranda Otto), trata mal os dois, Robbie e Rachel, e recebe o desprezo agressivo dele e a condescendência dela. Logo fatos estranhos começam a acontecer, um céu escuro e carregado, um vento estranho que sopra na direção da tempestade e muitos raios.

Pavor total, Ray sai à rua, com a curiosidade superando o medo, até chegar a um buraco na rua aberto por um dos raios. De repente o chão começa a rachar como num terremoto diante de dezenas de pessoas, numa seqüência muito bem construída de efeitos especiais, um dos 500 do longa, até que emerge o Trípode, uma máquina enorme sobre três pernas flexíveis, inspirada em artefatos do império da primeira série de "Guerra nas estrelas".

O monstrengo se equilibra, acende umas luzes e começa a atirar, vaporizando as pessoas e deixando apenas as roupas. Apavorado, Ray vai para casa pegar os filhos e inicia uma fuga que se estenderá por todo o filme de 116 minutos. Cruise, Dakota e Justin, os três principais, têm uma atuação convincente. Brilha igualmente Tim Robbins em participação especial. A bela Miranda Otto tem presença discreta, bem diferente de ''Senhor dos anéis: O retorno do rei", quando encarnou Eowyn.

Outro medalhão, Morgan Freeman, participa apenas como narrador do prólogo e do epílogo, em textos adaptados do original de H.G. Wells. Spielberg aplica doses convincentes de suspense até o desfecho final, igual ao do livro, com os invasores destruídos por criaturas que também são as maiores inimigas do homem, mas, no caso, foram suas salvadoras. Saiba tudo num cinema perto (ou longe) de você.

Guerra dos Mundos
Por Érico Borgo


Independente do que faça daqui pra frente, Steven Spielberg já tem seu nome grafado na história do cinema. No entanto, é também prova viva de que não se deve viver dos louros do passado.

Seus maiores sucessos de crítica são justamente os primeiros trabalhos, antes de se tornar sinônimo de filme-família, quando ele fazia longas que desafiavam convenções e surpreendiam o público. Porém, nos últimos anos o cineasta parece tomado por uma bobeira. Nenhuma de suas mais promissoras produções traz um final convincente, daqueles de fazer verter lágrimas pela genialidade. E não falo de lágrimas causadas por um menino que tem que dar adeus a seu ET de estimação... mas sim das geradas após a obra-prima que é um Contatos imediatos do terceiro grau (1977), que tem em seu clímax uma das mais corajosas e honestas decisões de um personagem já vistas no cinemão hollywoodiano.

Relembre: O resgate do soldado Ryan (1998), Inteligência artificial (2001) e Minority report (2002), os mais grandiosos filmes do diretor nos últimos 10 anos, começaram de maneira surpreendente e trouxeram em seu conteúdo elementos que lembravam aquele Spielberg do começo de carreira. No entanto, todos falharam na conclusão.

Guerra dos Mundos (War of Worlds, 2004), seu novíssimo e alardeado projeto ao lado de Tom Cruise, infelizmente não foge à regra da última década. Tem um início digno do Spielberg anos 1970. Seu personagem principal, o operário divorciado Ray Ferrier (Cruise, numa das melhores interpretações de sua carreira) é um bruto egocêntrico. Não liga para o casal de filhos que teve em seu antigo casamento e não faz qualquer esforço para reverter esse quadro. Seu interesse pelos dois, Robbie e Rachel (Justin Chatwin e a sempre assustadora menina-velha Dakota Fanning), só se desenvolve aos poucos, durante a situação mais desesperadora de sua vida: mantê-los vivos.

A tal situação, você adivinhou, é resultado da dramática invasão alienígena à Terra. Ela também traz elementos dignos do início de carreira do cineasta: corpos pulverizados explodindo em cinzas, chuva de sangue e muitos gritos de horror, tudo regado a efeitos especiais excepcionalmente realistas. Os trípodes alienígenas e as máquinas de destruição que espalham a morte mundo afora são assustadoras e em momento algum parecem criações digitais. Todas as imagens dos ataques que elas promovem e a correria e a devastação resultantes lembram imediatamente - e propositalmente - o 11 de Setembro de 2001 e escancaram a paranóia estadunidense sobre o tema. No momento em que os primeiros raios são disparados pelos tripodes - torres gêmeas e aviões sequestrados em um só elemento -, a pequena Rachel confirma o que já está sendo observado. "São eles? São os terroristas?", pergunta.

Porém, ainda mais dramáticas que a invasão são as cenas em que os humanos refugiados se enfrentam numa tentativa de sobreviver alguns minutos a mais. A família Ferrier é a única que possui um carro funcionando e isso a transforma imediatamente em alvo dos que estão atravessando o país a pé, em busca de segurança. As seqüências que tratam do assunto são as melhores e mais tensas do filme, muito mais impactantes que qualquer arma letal alien. Sem ETs à vista, mostram o Homem como a maior ameaça para si mesmo. Mais tarde, a apresentação de um enlouquecido refugiado (Tim Robbins) no porão de uma casa reforça a idéia com extrema competência. Os fins justificam os meios... principalmente se o fim for a sua própria sobrevivência.

Se Guerra dos Mundos ficasse apenas por aí seria um filme excepcional... mas chegam os cinco minutos finais e, com eles, a certeza de que bateu a já mencionada bobeira em Spielberg. Aos 44 do segundo tempo a produção lamentavelmente (e escrevo isso realmente desapontado) se afunda em clichês terríveis e idéias medíocres. Tal mudança é completamente inesperada, afinal, até aquele momento o filme parecia um dos melhores trabalhos do cineasta. O erro dos ETs - e claro, dos roteiristas Josh Friedman e David Koepp - é tão primário que fica difícil respeitar o filme depois do que é revelado. A impressão que fica é que os aliens, que até então destruíam tudo e todos sem piedade, devem ser parentes dos invasores idiotas de Independence Day (aqueles que usavam Windows 95 em sua nave mãe).

Com certo esforço é até possível buscar uma razão metafórica para o desfecho, algo que pode funcionar como uma espécie de alerta ambiental para a humanidade. Mas, novamente, o tema é batido demais para ser levado em conta. E o que começou Tubarão (1975) terminou Hook (1991).

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