28.6.05

Batman Begins

Image hosted by Photobucket.com

No início do filme, vemos um jovem Bruce brincando no jardim ao lado de Rachel Dawes. Quando o menino sai correndo e se esconde da amiga, acaba caindo em uma caverna infestada de morcegos. Os animais serão não apenas a causa de seus maiores pesadelos, mas também a inspiração para o personagem que vai percorrer as noites de Gotham prendendo bandidos e outros malucos.

Quem leu Batman: Ano um, de Frank Miller, vai perceber semelhanças na descrição acima e em algumas cenas do longa. Porém, a clássica minissérie que conta os primeiros dias do Batman não foi a única fonte. O que os dois roteiristas queriam mesmo era mostrar o treinamento físico e principalmente psicológico que ajudaram Wayne a criar o Homem-Morcego.

Para deter os bandidos, Bruce Wayne resolve entender a mente de seus inimigos e abdica de todos os seus bens e poderes financeiros e passa a viver como um criminoso, roubando, passando fome, apanhando em prisões. Ao ser jogado em uma solitária tão úmida e sombria quanto a caverna que depois se tornaria seu lar, Wayne conhece Henri Ducard (Liam Neeson). Ele promete ajudá-lo em sua busca e, ao fim do treinamento, abre o jogo sobre a sociedade chamada Liga das Sombras e seu líder, Ra's al Ghul (Ken Watanabe).

Ao retornar à Gotham City, Wayne (Christian Bale) vê uma cidade já completamente dominada pelo crime organizado. Os policiais, os juízes e os políticos são todos corruptos e estão acabando com a cidade que seus antepassados ajudaram a construir. Até mesmo a Wayne Enterprises, antes voltada ao bem dos cidadãos, está agora mais preocupada apenas com os próprios lucros. Os únicos aliados de Batman para recuperar a cidade são o mordomo Alfred Pennyworth (Michael Caine), o Tenente Gordon (Gary Oldman), Lucius Fox (Morgan Freeman), seu braço direito dentro da Wayne Enterprises e a crescida Rachel Dawes (Katie Holmes), agora promotora pública assistente.

As pancadarias, perseguições em autovias, pancadarias, salvamentos de prédios em chamas, pancadarias e vôos que se seguem também são diferentes do que se esperaria de um caríssimo filme de verão norte-americano. Boa parte da verba, algo em torno de 135 milhões de dólares, foi investida em equipamentos e cenários de verdade. Muito pouco do que se vê na tela são pixels criados em parrudos computadores. O maior exemplo disso é o novo Batmóvel. O carro/tanque foi a primeira coisa do filme a ser revelada ao público porque foi também a primeira a ser construída. Foi o seu sucesso junto à cúpula da Warner Bros que garantiu ao time criativo (Nolan, Goyer e o desenhista de produção Nathan Crowley) sinal verde para desenvolver o projeto sem ressalvas. Ao todo, foram produzidos cinco modelos, que fazem de verdade tudo o que se vê nas telas, como saltar e fazer curvas em alta velocidade. [Algumas curiosidade para os aficcionados por carros: o atual Batmóvel tem um motor de 5.7 litros, 340 HP, comprimento de 4,60m, pesa 2,5 ton, vai de 0 a 100 km/h em 5s e pode pular a uma altura de 1,80m até uma distancia de 18 metros e sair andando assim que volta ao chão. E vem na cor preta hehehe]

Gente como a gente

Quem tem o Batman como herói preferido é porque sabe que o Cavaleiro das Trevas não nasceu em um planeta distante, foi picado por aranhas radioativas, ganhou um anel poderoso, ou tem genes mutantes. O Morcegão é o melhor porque é "apenas" um ser humano, como você e eu. A diferença é que ele é muito mais obstinado e, bom, tem mais grana na conta bancária. Beeem mais!

Esta humanidade é mostrada no longa quando Batman volta para a Mansão Wayne e é acordado por Alfred, que o adverte contra os inúmeros hematomas que ele tem em seu corpo. Logo em seguida, o mordomo-faz-tudo - inclusive servir de alívio cômico - sugere ao patrão que ele se arrume para uma balada. Bruce Wayne, o playboy que sai para jantar e se divertir e compra hotéis de sobremesa é um personagem tão interessante quanto aquele que se fantasia e sai à noite. A escolha de Christian Bale (Psicopata Americano) para protagonizar a história foi corretíssima, pois ele demonstra na voz a diferença entre os três personagens que interpreta: Batman, o playboy e o verdadeiro Bruce Wayne.

Mas assim como Bruce Wayne, Christopher Nolan é humano e erra (ou cede aos desejos do mercado). Há um número exagerado de vôos do Batman, provavelmente criados para vender bonequinhos que planam por aí. Há também alguns vícios hollywoodianos, como a repetição incessante da frase "você precisa cair pra aprender a se levantar". Mas a verdade é que nem isso, nem a criação de uma personagem - Rachel Dawes - , que foi claramente colocada no longa para ser o interesse romântico de Bruce Wayne/Batman, estragam esta volta triunfal do Batman. Sem dúvida, o título - que pode ser traduzido livremente como "Batman, o início" - reflete o começo de uma lucrativa e, principalmente, promissora franquia.

Por Marcelo Forlani

Nota: 9,5.

Fonte: Omelete.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial